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sábado, 25 de setembro de 2010

Sobre o comportamento da Professora de Educação Infantil

Compreendendo a criança...
  1. O Jardim de Infância bem organizado contribue para a formação harmônica da criança em seus aspectos biológico e psíquico.
  2. A Professora deve possuir sólidos conhecimentos de psicologia infantil e de didática especial.
  3. A missão da Professora não é instruir, mas educar, criar hábitos, corrigir com suavidade e fineza.
  4. No período em que a criança freqüenta o Jardim de Infância ela deve ignorar que está sendo educada e aprendendo, deve pensar que está somente brincando.
  5. As atividades no Jardim de Infância devem ser tão bem conduzidas que a criança ao sair do Jardim deve recordar do mesmo com saudade.
  6. A Primeira aptidão artística que se manifesta na criança é a musical, por esse motivo no Jardim de Infância deve-se cantar a toda hora e em qualquer ocasião.
  7. As atividades manuais concorrem para a correção dos desajustamentos psíquicos motores.
  8. A leitura de histórias desenvolve o grau de atenção e vocabulário da criança, preparando o terreno para a alfabetização.
  9. Uma boa mestra aprende com os alunos antes de se propor a educá-los.
  10. Pela observação, ela logo aprende sobre a índole de cada um, e assim, saberá o que pode melhorar, ou ao contrário, erradicar do seu educando.
  11. Castigos são necessários para corrigir maus hábitos. Nessas ocasiões, deverá a educadora demostrar constrangimento, para que o mesmo perceba que cometeu uma falta ou excesso.
  12. O castigo deverá ser sempre disciplinador e nunca punitivo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Profissão: professor

A primeira profissão

Já reparou como as palavras profissão e professor se parecem? Elas nasceram da mesma raiz etimológica, o que faz todo o sentido: o professor é a primeira das profissões. Todas as outras especialidades e habilidades técnicas só podem existir quando há professores ensinando-as aos seus discípulos. Toda profissão precisa de professores.

Essa origem semântica, que resume o valor intrínseco e original do "ser professor", está esquecida, perdida no tempo. Hoje em dia, sobretudo no Brasil, profissão e professor estão separadas. Na lista das profissões "ideais" - aquelas que as mães sonham para seus filhos e filhas, aquelas que remuneram melhor, são respeitadas, conferem status social e abrem as portas para o seleto e esnobe clube da elite - não aparecem os professores. Sinais dos tempos: no sonho do jovem brasileiro, rebolar em programa de auditório e virar craque de futebol figuram entre as profissões reluzentes ("Reluzem mas não são ouro...", professaria o profeta). Não poderia haver deturpação maior do sentido original, até porque esse tipo de atividade não requer professor. Serão mesmo profissões?

Não, não são. É preciso questionar a linguagem, desconstruir alguns termos que camuflam a realidade, ao colocar em um mesmo saco coisas tão diferentes que, no fim das contas, as palavras acabam perdendo a força e o sentido. Nessas hora, um bom exercício é voltar aos primórdios das palavras, à língua primeira que as formou e aos seus sentido primitivos, que nos ajudam a repensar e redimensionar nossos conceitos, mudando em seguida a prática.

O que é ter uma profissão? O que é ser professor? Ambas as palavras derivam do latim professum, que por sua vez vem do verbo profitēri: "declarar perante um magistrado, fazer uma declaração, manifestar-se; declarar em alto e bom som, afirmar, assegurar, prometer, protestar, obrigar-se, confessar, mostrar, dar a conhecer, ensinar, ser professor" (Houaiss).

São muitos significados convergindo para um só sentido: professar é algo grave, importante, que requer iniciativa, responsabilidade e segurança. Eis aí resgatada a nobreza do compromisso com a profissão: ser professor é "obrigar-se", ou seja, imbuir-se intimamente neste papel afirmativo e de liderança. A maioria dos verbos que o descrevem envolvem também a comunicação. Isto quer dizer que professar não é ação solitária, isolada ou introspectiva. Requer o outro, direciona-se a alguém, só faz sentido porque existe o aluno.

Em latim, alumnus era "criança de peito, lactente, menino, aluno, discípulo", palavra derivada do verbo alěre, que significava "fazer aumentar, crescer, desenvolver, nutrir, alimentar, criar, sustentar, produzir, fortalecer etc.". Novamente, as origens nos lembram com quem estamos lidando e a importância da nossa missão. Os alunos, que tantas vezes definimos como "pestes", indisciplinados, dispersos, bagunceiros, desinteressados ou limitados, antes de todos esses adjetivos são simplesmente crianças e adolescentes, indivíduos em formação, cujo crescimento será marcado por nossa intervenção. Somos responsáveis por "alimentar", "sustentar" e "fortalecer" essas pessoas. Palavras poderosas, bem adequadas às transformações que um bom professor é capaz de operar. As dificuldades que porventura surgirem (e sempre surgem) não podem nos afastar da missão primordial de contribuir para o desenvolvimento dos alunos.

Missão nobre mas árdua, sem dúvida. Ninguém pode dizer que é fácil a vida do professor, seja ele professador, profitente, preceptor, docente, mestre, pedagogo, diretor. Estes são sinônimos que se cruzam nas várias definições do ofício de educar, mas que apontam para origens diversas:

•Professor s.m. - 1. aquele que professa uma crença, uma religião; 2. aquele cuja profissão é dar aulas em escola, colégio ou universidade; docente, mestre;
2.1. aquele que dá aulas sobre algum assunto; 2.2. p. ext. aquele que transmite algum ensinamento a outra pessoa; 3. aquele que tem diploma de algum curso que forma professores (como o normal, alguns cursos universitários, o curso de licenciatura etc.); 4. fig. indivíduo muito versado ou perito em alguma coisa; adj. 5. que professa; profitente; 6. que exerce a função de ensinar ou tem diploma ou título de professor.

•Docente adj. 2g. 1. referente ao ensino ou àquele que ensina. Do latim docēre, "ensinar".

•Mestre s.m. - 1. pessoa dotada de excepcional saber, competência, talento em qualquer ciência ou arte; 2. indivíduo que ensina, que dá aulas em estabelecimento escolar, ou particularmente. Do latim magĭster, "o que manda, dirige, ordena, guia, conduz. [Têm a mesma origem as palavras maestro, magistratura, magistral...]

•Pedagogo s.m. - 1. escravo que acompanhava as crianças à escola; 2. pessoa que emprega a pedagogia, que ensina; 3. aquele que tem a prática de ensinar. Do grego paidagōgós, "escravo encarregado de conduzir as crianças à escola; preceptor de crianças, pedagogo", pelo latim paedagōgus, "o que dirige meninos, aio, pedagogo, preceptor, mestre, diretor".

•Preceptor adj. s.m. - 2. que ou aquele que dá preceitos ou instruções, educador, mentor, instrutor. Do latim praecēptor, "o que lança mão de algo antecipadamente, o que ordena, instrui, mestre".

Quantos sentidos diferentes, e até mesmo contraditórios, pode conter uma mesma palavra!

Quem diria que pedagogo, na Grécia Antiga, era o escravo que acompanhava as crianças, ou uma espécie de preceptor, de aio encarregado apenas pela educação doméstica das crianças de famílias nobres ou ricas! Isto mostra como a educação de crianças era considerada um assunto menor, ou no máximo um assunto para ser resolvido em casa, e apenas pelas famílias que tinham condições. Não havia a preocupação com a formação das crianças desde cedo, pois elas não eram consideradas cidadãos. O ensino formal começava apenas mais tarde, e privilegiando, é claro, os meninos.

Também é curioso ver a definição diretor associada a pedagogo. Estamos habituados a chamar de diretor apenas aquele que é responsável pela escola ou instituição educativa. O uso da palavra resumiu-se, portanto, a um conceito estritamente trabalhista, ou seja, ao nome de um cargo e de uma função designados pelo Estado. O significado educativo de diretor, no entanto, é muito mais rico e merece ser resgatado. Diretor é quem dirige ou, como define o dicionário, quem "orienta, fundamenta", o "norteador". Assim o título ganha em abrangência, pode ser invocado por todo e qualquer educador que oriente os seus alunos, indicando-lhes o "norte", o rumo, a direção a se tomada.

Ensinar é ensignar
Em comum, no meio de tantas ideias e associações, sobressai uma ação: ensinar. Professor é quem ensina. E o que é ensinar?

Ensinar v. 1. repassar (a alguém) ensinamentos sobre (algo) ou sobre como fazer (algo); doutrinar, lecionar. 1.1. p. ext. transmitir experiência prática a; instruir (alguém) por meio de exemplos; 1.2. tornar (algo) conhecido, familiar (a alguém); fazer ficar sabendo; 1.3. dar lições a, instruir; 1.4. mostrar a alguém as consequências ruins de seus atos; 2. mostrar com precisão, indicar.

Eis uma palavra que poderia ter infinitas definições, ganhar um dicionário só para ela. As que estão aí em cima sugerem princípios interessantes. Por exemplo, a necessidade de trabalhar experiências práticas, seja para exemplificar um conteúdo, seja como objetivo mesmo da Educação: ensinar para a vivência cotidiana, concreta, e não ficar preso a abstrações e teorias distantes da realidade. Outro exemplo: discutir as possíveis consequências negativas dos nossos atos, o que significa educar para a cidadania, falar das relações sociais, das responsabilidades de cada um para com o grupo (família, turma, escola, cidade, país), de direitos e deveres.

Tudo isso está contido, por definição, no ato de ensinar. Mas já vimos que nem sempre a realidade casa bem com a definição. Sobretudo quando se fala em "ensinar". Este verbo terá tantas definições diferentes quantos forem os professores e professoras do Brasil, multiplicados pelo números de turmas e alunos que interagem com eles. Não existe uma fórmula única, uma maneira "correta" de educar que possa ser reproduzida por todos os professores e escolas. E isto implica em uma responsabilidade ainda maior: cabem a cada um de nós as soluções próprias para cada situação e a consciência de estarmos fazendo o melhor.

O segredo está na origem de ensinar: a palavra latina insignīre, que quer dizer "por uma marca, distinguir, assinalar". É a mesma origem de "signo", de "significado". Nossa missão é nada menos do que isso: apontar o significado das coisas, assinalar o que julgamos importante, marcante, distinto. Para isso é necessário selecionar, escolher, julgar segundo critérios subjetivos. Quando ensino algo, por mais que seja apenas um conteúdo do currículo tradicional, estão embutidos na minha forma de ensinar os meus valores culturais, morais, éticos, a minha capacidade de interpretar os signos e de me comunicar. Para além do que digo ou escrevo, meu ato de ensinar inclui também o meu comportamento, minha maneira de ser, pensar e agir, até mesmo fora da escola. Ser professor refere-se também, e sobretudo, ao exemplo que se dá. Mais do que "transmitir saberes", ensinar é ensignar: emitir novos signos, que os alunos recebem, interpretam, digerem e levam vida afora.

Aí está a nossa grandeza e o nosso heroísmo: desempenhar uma das mais relevantes missões humanas sob as mais adversas condições sociais. Há de se concordar com o que diz o escritor José Saramago sobre os professores: "São os heróis do nosso tempo".

Portanto, eis aí o que somos:

Herói s.m. do grego herōs, "chefe, nobre; semideus; herói, mortal elevado à classe dos semideuses", pelo latim hēros, "semideus, filho de um deus ou de uma deusa, homem célebre".

Nossa autoestima merece!

http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0033.html

Sobre o Dia do Professor:
•Como surgiu o Dia do Professor (Vicente Martins, do site Sabido)
http://www.sabido.com.br/artigo.asp?art=1383
•Como saber sobre a Lei de 15 de outubro de 1827 (Vicente Martins, do site Sabido)
http://www.sabido.com.br/artigo.asp?art=1382

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